sábado, 30 de agosto de 2008

A Última Canção de Conan


Era árdua e longa a estrada.
E no céu, a lua branca e fria
Punha pálidos raios na madrugada
Anunciando o nascer do dia.
Ladrões, prostitutas, reis e guerreiros,
Magos, patifes, bardos, feiticeiros
Caminhavam junto a mim, por onde eu ia.

O vento Cortava qual lâmina afiada
à medida que soprava dos mares bravios.
Agitava barracas e árvores da estrada,
Gemendo nos galhos como espectros sombrios.
No entanto, eu, numa luta renhida
de saques e luxúria, bebi o vinho da vida
até fim dos meus brios.

Bravo e selvagem, eu vim do norte
para as cidades que iam me perder.
Com ferros e tochas, entreguei-me à sorte
e com sangue venci o que se há de vencer.
Joguei no diabo e alcancei vitória,
Esplendor, fama, estonteante glória,
sem jamais o sorriso da morte temer.

Inimigos surgiram para eu derrotar
e amigos leais em que me fiei.
Conquistei coroas para depois desprezar
e lábios ardentes que com luxúria eu beijei.
Se canções eu cantei com toda alegria
e vinhos sorvi até noite virar dia,então,
que importa se um dia morrerei?

O ouro arrebatado as jóias deslumbrantes...
tudo o que tinha em pó foi transformado.
E da vida vivida em horas delirantes,
traguei o melhor que ela me podia ter dado.
Hoje, a cova é profunda e a noite vazia,
o mundo, um crânio mofado que asfixia.
Contudo, me rio dos deuses, amargurado.

Na região maldita por onde ia a estrada
de terra ressequida, não indicando o fim,
minha gente seguia alegre e alvoroçada
pois caminho mais fácil não encontraria assim.
Vadio e zombeteiro com o terror a espreita,
a estrada da vida sorria à minha direita...
e os abutres da morte zombavam de mim.

Caminho poeirento, longo de tal sorte...
Crom, hoje vejo como um homem enlouquece!
Sou velho, cansado e a morte se fez forte,
consumindo minha carne que os anos esmorece!
Brava e selvagem, era assim minha gente
que cantava e sorria, cavalgando contente,
lutando e matando sem deus e sem prece!

Sacerdotes espertos contavam do tesouro
com que seu paraíso poderia ser comprado.
E das almas malditas que como um agouro
gemiam no suplício que lhes foi destinado.
Para o inferno, sacerdotes com seu ouro e riquezas!
Descerei à garganta que leva às profundezas
e lá, hei de deixar o diabo destronado!

Se enfrentei a vida com audácia e sem medo,
Por que recuar agora, se a morte me sorri?
A vida não passa de um jogo, um brinquedo
com o qual, junto à morte, eu só me diverti.
Adeus, meus amigos de horas sombrias...
rainhas e criadas de peles macias...
não lamento o que eu fui nas noites vadias,
nem os passos na estrada que finda os meus dias...
...AQUI!


* Texto de ESC#07

domingo, 24 de agosto de 2008

Estranho Momento



Ouço o vento nesse momento
e os espíritos que ele traz
parece vozes de pessoas morrendo
ou morreram há um tempo atrás?

Vento, o que quer me dizer?
Há algo que eu possa fazer?
angustiadas almas perdidas
muitas, e alguns suicidas

Vento, choros e lamentos
compõem uma estranha canção
pedidos de ajuda, arrependimentos
isso estilhaça meu coração

Depois de algum tempo
o vento se vai, termina!
E sem poder ajudá-los
os espíritos se vão, com sua triste sina!